Por Walter Biancardine (*)
Censurar, excluir e banir gente das redes sociais era novidade. As redes são novidade, tudo era novo, mas a censura e proibição da venda de livros – bem como o criminoso “recolhimento” dos exemplares à venda – exala o velho e conhecido cheiro pútrido da ditadura nazista do III Reich.
Já tivemos prisões em massa como no 8 de janeiro, temos prisões arbitrárias e sem processos todos os dias, mortes no cárcere, vigilância ilegal sobre vidas privadas, cerceamento do direito de ir e vir e nossa liberdade de expressão há muito foi extinta.
Tal como nos piores gulags stalinistas, temos “Campos de Reeducação Democrática”, onde os prisioneiros são forçados às lavagens cerebrais de suas convicções, para se adequarem às normas e pensamentos permitidos pelo sistema.
Prende idosos, os quais saem da cadeia apenas para morrerem de humilhação; crianças que jamais esquecerão tal pesadelo e guardarão um trauma pelo resto de suas vidas, além de mães – deixando filhos praticamente órfãos em casa – sob alegações pífias, que apenas satisfazem a sanha persecutória e a política de instauração do medo na população, por parte da atual ditadura.
Tal como os judeus nos guetos, durante a segunda grande guerra, que eram marcados com a Estrela de Davi – eles, seus comércios e suas casas – nós, pessoas comuns e que não concordamos em viver sob ditaduras assassinas, somos marcados com as pechas de “fascistas (?)”, “nazistas (?)”, “extrema-direita” e ainda somos obrigados a ver, na televisão, as expressões de fúria – ódio verdadeiro e sanguinário – de apresentadoras que se intitulam “repórteres”.
Somos discriminados, isolados, excluídos de círculos sociais, chances de emprego, das classes em salas de aula e apontados nas ruas como autênticos monstros – quando as deformidades morais e sociais, na realidade, são eles.
Os canais nas redes sociais que gostamos de ver são excluídos, seus vídeos deletados, seus autores perseguidos e muitos tiveram de fugir da ditadura, abrigando-se em outros países. Mesmo políticos que se valham das redes para expressar suas opiniões – se contrárias ao absolutismo reinante – são perseguidos, sofrem processos falsos e até prisões, sob alegações cada vez mais diminutas – pouco importa, para eles.
O autor destas linhas teve 28 vídeos roubados – é o termo, já que sequer posso baixá-los para meu acervo pessoal – no YouTube, o canal foi definitivamente desmonetizado e a plataforma jamais pagou, ou estornou aos remetentes, o dinheiro de suas contribuições. Este canal vive sob “shadow ban” permanente, é ocultado nas pesquisas e, para completar, um artigo escrito por mim, em minha página pessoal, foi simplesmente banido por destoar da “unanimidade consentida” pela ditadura – tal como o livro do escritor Ricardo Lísias, apresentado sob o pseudônimo “Eduardo Cunha”.
Este livro, do escritor que assina sob pseudônimo homônimo ao do ex-deputado, teve sua venda proibida e seus exemplares – pasmem – foram recolhidos das livrarias, as quais foram ameaçadas de multas e processos caso insistissem na venda dos mesmos.
O ditador Alexandre de Moraes determinou a proibição do título “Diário da Cadeia”, sob a alegação que “induziria as pessoas ao erro”. E cabe a pergunta: ter alguma opinião seria um erro? Ler algum livro – ainda que seja o Mein Kampf, de Adolf Hitler – pode desencadear mortes? E o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, que aparentemente prega “morte aos infiéis”? Será proibido também?
Em suma, o ditador Moraes também determinou que a editora retire a assinatura “Eduardo Cunha (pseudônimo)” do título, bem como menções, em seu site, que liguem o nome do ex-deputado ao livro.
O ditador – que se diz magistrado – determinou ainda uma multa de R$ 50 mil, caso a decisão seja desobedecida. E, para completar, também impôs uma indenização de R$ 30 mil a ser paga a Cunha, o ex-deputado.
Eles não nos temem, e fazem o que querem.
Guetos, prisões, discriminação, campos de concentração e queima de livros.
A ditadura do IV Reich está consolidada no Brasil.