O Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus) segue desempenhando um papel fundamental na preservação da fauna silvestre, acolhendo e reabilitando animais resgatados em diversas situações de vulnerabilidade. Recentemente, o centro recebeu novos moradores: um ouriço-cacheiro, uma lontra e três jandaias-maracanãs, todos filhotes órfãos que agora recebem cuidados especializados.
JANDAIS-MARACANÃS
Com o fim do período reprodutivo das jandaias-maracanãs, é comum que filhotes dessas aves sejam encaminhados ao Cebus. Muitos deles caem dos ninhos construídos nos telhados das residências e são resgatados por moradores ou por órgãos ambientais. No centro, esses filhotes recebem alimentação especial à base de papinhas comerciais administradas diretamente no bico, em um processo que simula o cuidado parental. Além do impacto ecológico, a presença de jandaias-maracanãs em áreas urbanas também tem gerado preocupação entre os moradores. O crescente número de adultos na cidade tem causado danos à fiação elétrica e outros desafios, reforçando a necessidade de medidas de educação ambiental e preservação dos habitats naturais da espécie.
OURIÇO-CACHEIRO
Além das aves, o Cebus também acolheu recentemente um filhote de ouriço-cacheiro, resgatado durante as fortes chuvas do último mês. O pequeno mamífero está sendo alimentado artificialmente e passará por um processo de readaptação até estar pronto para retornar à natureza.
Conhecido também como porco-espinho-brasileiro, cuandu ou cuim, o ouriço-cacheiro é um roedor de hábitos noturnos e arborícolas, frequentemente encontrado em áreas de mata e, eventualmente, em regiões urbanas, onde pode ser visto trafegando por fios elétricos. Herbívoro, alimenta-se de frutos, folhas e brotos.
No caso dos filhotes, os espinhos não são rígidos ao nascimento, enrijecendo com o passar do tempo. O pequeno ouriço resgatado pelo Cebus ainda depende de cuidados constantes, sendo alimentado de forma artificial até que esteja apto a se readaptar à vida silvestre.
LONTRA
Outro destaque entre os resgates é o de uma lontra, que chegou ao Cebus ainda muito jovem. Esse animal exige um manejo cuidadoso e uma dieta específica para garantir seu desenvolvimento saudável. A equipe técnica do centro monitora de perto sua evolução, preparando-a para uma futura soltura em ambiente adequado.
Um filhote de lontra (Lutra longicaudis) é mais um órfão das últimas chuvas trazido ao Cebus. Esses animais vivem em ambientes de água doce, como margens de rios, lagos e lagoas, podendo também ocorrer em regiões com influência marinha, como estuários e ilhas próximas ao continente.
Assim como as ariranhas, as lontras possuem adaptações morfológicas para a vida semiaquática, como membranas interdigitais nas patas, cauda achatada e musculosa, corpo alongado e patas curtas. Sua pelagem é curta e densa, com coloração amarronzada. Diferentemente das ariranhas, não possuem manchas claras na garganta, embora essa região possa apresentar pelos mais claros que o restante do corpo.
O resgate desses filhotes torna-se essencial para sua recuperação e posterior reintrodução ao meio ambiente. No Cebus, eles recebem cuidados parentais especializados, sendo alimentados manualmente com papinhas comerciais até adquirirem força e autonomia para retornarem à natureza. Além da alimentação, a equipe técnica do centro monitora constantemente a dos animais, garantindo que recebam os tratamentos necessários para um desenvolvimento adequado.
O médico veterinário e responsável técnico do Cebus, Dr. Lélio Costa e Silva, destaca a importância do trabalho realizado pelo centro: “O resgate e a reabilitação desses filhotes são essenciais para garantir que eles possam retornar à natureza com chances reais de sobrevivência. Nossa equipe se dedica diariamente para oferecer os cuidados necessários, respeitando as características de cada espécie e minimizando a interferência humana durante o processo.”
O Cebus reforça a importância do trabalho de resgate e reabilitação da fauna silvestre e orienta a população a acionar os órgãos ambientais ao encontrar animais silvestres em situação de risco. O cuidado com essas espécies é fundamental para a preservação da biodiversidade e o equilíbrio ecológico.