Por Edmundo Polck Fraga (*)
Este é um chamado a você, “Pacato Cidadão”, que observa, mas não age. Você se mantém na zona de conforto, assistindo aos problemas sociais e políticos sem questionar ou transformar a realidade ao seu redor. A passividade diante das adversidades tornou-se um comportamento perigosamente comum, alimentado pela tecnologia e pela mídia, que nos oferecem conteúdos prontos para consumo, abafando o pensamento crítico e reduzindo nossa capacidade de análise independente.
Hoje, convido você a refletir. É tempo de questionar não apenas as informações que nos são apresentadas, mas também os indivíduos que escolhemos para nos representar. Em especial, precisamos avaliar o papel dos vereadores eleitos para o quadriênio 2025-2028. O que podemos esperar desses representantes que, ao invés de atuarem com independência e compromisso com a população, se mantêm sem direção, subservientes aos poderes instituídos?
Desde o início das novas administrações, já se percebe um jogo de interesses: promessas de apoio político em troca de cargos. Vereadores que deveriam se dedicar ao trabalho legislativo e à defesa do bem público exigem favores para seus aliados em troca de sua colaboração. Isso é representatividade política ou simples barganha?
Lanço uma provocação: ao conquistarem suas cadeiras no Legislativo, não teriam os vereadores recebido, na prática, um cheque em branco da população? No momento das eleições, acreditamos estar escolhendo representantes comprometidos com os interesses coletivos, mas, ao assumirem seus cargos, muitos se veem mais preocupados com negociações de bastidores do que com a defesa dos interesses públicos.
Aqueles que dizem que “isso faz parte do jogo”, eu questiono: jogo de quem? Certamente não da sociedade. Enquanto aceitarmos passivamente essa realidade, perpetuamos um sistema em que os interesses individuais prevalecem sobre o bem comum. Chegou a hora de nos libertarmos da passividade e exigirmos transparência, responsabilidade e compromisso real de nossos representantes. Afinal, democracia não se resume ao ato de votar, mas à participação ativa na fiscalização e no acompanhamento dos mandatos.
Considere, por exemplo, uma cidade média, com 200 mil habitantes, que gasta aproximadamente R$ 100 mil por mês por vereador. Esse é um alto custo, especialmente quando a produção legislativa muitas vezes não traz retorno significativo para a população. Para justificar essa estrutura — que inclui salários de vereadores, chefes de gabinete e assessores —, é imperativo que os vereadores atuem de forma mais eficaz, indo além de moções de aplauso, pesar ou repúdio.
Precisamos de vereadores comprometidos com a elaboração de projetos que reduzam os custos administrativos, tanto nas prefeituras quanto nas câmaras municipais. Que apresentem propostas para diminuir o número de funcionários comissionados, muitos dos quais são nomeados sem critérios técnicos e substituídos a cada nova gestão. Precisamos de câmaras municipais que fiscalizem contratos relevantes e, principalmente, seus aditivos, evitando alterações arbitrárias que, muitas vezes, são facilitadas pela omissão de vereadores mais preocupados com seus próprios interesses do que com o bem-estar da sociedade.
Devemos exigir também relatórios claros e acessíveis sobre a produção legislativa. Quais Projetos de Lei Ordinária, Projetos de Resolução e Requerimentos foram propostos ou alterados por cada vereador? Precisamos colocar um ponto final na gastança do dinheiro público e conhecer as justificativas para os gastos com viagens oficiais. Afinal, as atribuições dos vereadores — eleitos pelo cidadão — são criar leis e fiscalizar a prefeitura, ou seja, tudo dentro dos limites territoriais do município, não em pontos turísticos pelo Brasil. Qualquer coisa fora disso é abuso e deve ser tratado com rigor.
E você, “Pacato Cidadão”, vai continuar assistindo passivamente à “torra do dinheiro público” ou finalmente vai agir?