Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, revelou em mensagens privadas seu temor de ser preso ou morto caso expusesse informações sobre sua atuação na Corte. As mensagens foram obtidas pela Polícia Federal (PF) através de quebra de sigilo autorizada em agosto de 2024.
Em conversas com sua esposa pelo WhatsApp, Tagliaferro manifestou o desejo de “contar tudo de Brasília” antes de morrer, mas temia represálias. “Se eu falar algo, o ministro me mata ou me prende”, escreveu em março de 2024, referindo-se a Alexandre de Moraes.
O perito ocupou cargo estratégico no TSE entre agosto de 2022 e maio de 2023, período em que coordenou a produção de relatórios sobre críticos do Judiciário. Esses documentos fundamentaram decisões de Moraes para remover publicações e suspender perfis nas redes sociais.
Em diálogos com sua companheira, Tagliaferro comparou sua situação à de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que foi preso após vazamento de áudios criticando Moraes. O perito manifestou frustração com o sistema, mas disse não poder “meter o louco” por ter responsabilidade com suas filhas adolescentes.
A Polícia Federal indiciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública, crime com pena prevista entre dois e seis anos de prisão. Sua defesa afirma que ele sempre atuou com ética e que não há nada a esconder sobre o conteúdo das mensagens, embora a exposição prejudique seu trabalho como perito.