A utilização de algemas em brasileiros deportados dos Estados Unidos foi classificada como “praxe” nos voos fretados pelo governo norte-americano, conforme informou a Polícia Federal (PF). A prática voltou a gerar polêmica após o desembarque de um grupo em Belo Horizonte, no último sábado (25), que relatou maus-tratos durante a viagem.
Os deportados chegaram à capital mineira após uma escala forçada em Manaus (AM), causada por problemas técnicos na aeronave. Além das algemas, que foram mantidas até o desembarque no Brasil, os brasileiros denunciaram agressões e falta de alimentação adequada por parte dos agentes americanos.
PROTOCOLO EM QUESTIONAMENTO
Segundo fontes da PF, o uso de algemas durante a repatriação é padrão nos voos fretados pelos EUA, mas as mesmas deveriam ser retiradas assim que o avião pousasse em solo brasileiro. No entanto, isso não ocorreu no voo da última sexta-feira (24), que trouxe migrantes para Manaus. Em nota, a PF afirmou que, ao desembarcarem, “os brasileiros foram recebidos e imediatamente liberados das algemas, garantindo a soberania brasileira e os protocolos de segurança nacionais”.
Diante das denúncias de maus-tratos e do descumprimento do protocolo, o Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado repudiando o tratamento dispensado aos deportados.
“O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo americano não sejam respeitadas”, declarou o Itamaraty. A pasta também anunciou que cobrará explicações das autoridades dos Estados Unidos sobre as supostas violações ao acordo de deportação, que proíbe situações de tratamento degradante.
CONTEXTO E REPERCUSSÃO
As condições enfrentadas pelos brasileiros deportados reforçam uma longa série de tensões envolvendo políticas migratórias dos EUA e seu impacto sobre migrantes ilegais latino-americanos. Organizações de direitos humanos também já manifestaram preocupação com a abordagem utilizada nos voos de repatriação.
Ainda não há resposta oficial por parte do governo americano em relação às denúncias e às cobranças do Itamaraty, mas o caso pode gerar repercussões diplomáticas entre os dois países.