Por William Saliba (*)
Neste 7 de abril, Dia do Jornalista, não encontro motivo algum para comemorar. Ao contrário — é um dia de luto para quem, como eu, dedicou a vida inteira ao ofício de informar com responsabilidade e paixão.
Sou de um tempo em que o jornalismo se aprendia no calor das redações, convivendo com mestres da notícia, entre cheiros de tinta e o teclar incessante das máquinas de escrever. Muitos de nós viemos de outras áreas — Letras, Direito, Filosofia — mas todos com algo em comum: o compromisso com a verdade. Em Minas Gerais, as faculdades de jornalismo só começaram a florescer a partir dos anos 1970. Antes disso, era a prática que formava os profissionais.
Muito antes do juramento acadêmico que hoje ecoa nos auditórios universitários — aquele que promete exercer o jornalismo com dignidade, independência, respeito à verdade e aos direitos humanos — nós já fazíamos esse pacto silencioso com a nossa própria consciência. Era um compromisso pessoal, mas inegociável.
Ser um bom jornalista significava apurar bem os fatos, ouvir todas as partes envolvidas e publicar com isenção, clareza e imparcialidade. No entanto, com o passar dos anos, esses pilares parecem ter sido relativizados — ou pior, abandonados — por boa parte da nova geração da imprensa.
A partir dos anos 1980, vimos as ciências humanas — especialmente os cursos de Direito e de Jornalismo — serem fortemente influenciadas por uma visão ideológica específica, baseada na estratégia gramscista de aparelhamento cultural. Muitos jovens passaram a receber uma formação marcada por viés político, em detrimento da objetividade e da pluralidade de pensamento.
Hoje, infelizmente, o que se vê é uma leva de recém-formados mais preparados para a militância do que para o jornalismo profissional. A missão de informar com equilíbrio cedeu espaço à narrativa, ao engajamento partidário, à construção seletiva da realidade.
Assistimos à degradação moral e profissional do jornalismo brasileiro. Muitos colegas se alinham aos interesses do establishment, defendem abertamente o progressismo e o socialismo, aplaudem atos de inconstitucionalidade e fecham os olhos para abusos cometidos sob o manto de uma “ditadura de toga”.
Curiosamente — ou tragicamente — a mesma Suprema Corte que hoje reverenciam foi responsável, anos atrás, pela decisão que desobrigou o diploma de jornalismo para o exercício da profissão, canibalizando o mercado e rebaixando ainda mais a qualidade da informação.
E nós, os veteranos, além de tudo, passamos a ser hostilizados por expressarmos pensamentos distintos. Taxam-nos de “fascistas” apenas por defendermos a liberdade de expressão, o Estado de Direito e o autêntico exercício da democracia.
Hoje, mais do que nunca, o verdadeiro jornalismo agoniza.
E eu, velho repórter, apenas lamento. Que ele descanse em paz.